O que nos leva a sair de nosso país de origem e buscar um novo lar em terras desconhecidas? Essa pergunta me acompanha há tempos, e a cada história que escuto, novas respostas surgem. Imigrar é mais do que mudar de endereço—é atravessar fronteiras emocionais, enfrentar medos e descobrir novas formas de pertencer.
Neste texto, compartilho reflexões sobre a imigração e o impacto que ela tem em quem parte e em quem recebe. Um convite para enxergar as semelhanças que nos conectam, mesmo nas diferenças.
Imigrantes.
Tenho pensado muito sobre o que nos leva a sair de nosso país de origem e buscar morada em outro pedaço de terra. De onde viemos e pra onde vamos.
Penso em meus ancestrais e suas travessias, em meus filhos e suas escolhas.
Um abismo de possibilidades.
Em meu novo trabalho, tenho entrado em contato com novas histórias e enredos diversos se apresentam pra mim. Estou ali para ajudar e dar suporte, porém ao me colocar na posição de ouvinte, aprendo. E muito.
Aprendo sobre culturas e diversidade.
Aprendo sobre emoções e similaridades.
Aprendo sobre medo e coragem.
Aprendo sobre privilégios e a falta dele.
E principalmente sobre ser humano.
Aprendo sobre eles, e mais ainda sobre mim.
No seu medo, encontro o meu.
Na sua coragem, a minha se revela.
Na sua saudade, a minha também se encontra.
Um espelho, me convidando a olhar com atenção.
Sou eu e somos nós.
Todos sentimos medo, dor ou amor.
Todos queremos nos refazer.
Todos (ou a grande maioria) nos viramos do avesso nesse mar do recomeço.
Todos tentando não apenas sobreviver, e sim viver.
Tem gente que vem fugida de guerra, da violência, da fome, de conflitos intermináveis.
Tem gente que vem em busca. De uma vida melhor, com mais qualidade e liberdade.
Novas oportunidades, experiências.
Cada um tem seu motivo.
E independente de qual seja, todos buscamos as mesmas coisas.
Pertencer.
Fazer parte de algo maior do que nós.
Se Encontrar individualmente, mas também coletivamente.
Ser visto.
Não há pertencimento na invisibilidade.
Não há pertencimento quando existe julgamento.
Me pergunto se estamos mesmo disponíveis para conhecer a história do outro, aparentemente tão diferente de nós? Será que somos mesmo diferentes, ou será que somos tão iguais?
Tenho aberto o peito e deixado novas histórias ancorarem em mim.
Tenho me permitido ser vista, sem me envergonhar.
E tenho aberto os olhos para enxergar.
Que bonito que tem sido.



